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Lado A: apresentador esportivo. Lado B: canta em CDs com Titãs e Ultraje

Se na tela da Gazeta o apresentador, narrador e comentarista Celso Cardoso tem um jeito calmo, compenetrado e sério, como pede sua posição de jornalista, mas há um ambiente em que ele pode extravasar seu lado mais despojado. Roqueiro desde a adolescência, o apresentador dos programas Gazeta Esportiva e Jornal da Gazeta engatou uma carreira como vocalista. E o projeto ficou tão sério, que já chega ao segundo disco, com direito à polêmica música de trabalho “Cala a Boca Maradona”.

O lado “rockstar” de Celso Cardoso cresceu de forma inesperada, já que no começo as aulas de canto eram apenas uma atividade para tirar o stress do dia a dia. Depois que ele fez uma audição na escola de música que frequentava e postou um vídeo em seu blog, começaram a pipocar convites. Até a própria Gazeta abriu espaço para ele cantar em dois programas. Surgiu então a ideia de criar uma banda, e ela nasceu em parceria com Marcos Kleine, hoje guitarrista do Ultraje a Rigor. celsoc

Em 2009 foi lançado o primeiro disco, “Deixa Acontecer”, com o baixista Mingau, também do Ultraje, e o baterista Caio Mancini. E neste mês de fevereiro o grupo Celso Cardoso & Os Impossíveis solta o segundo álbum, “O Outro Lado”, em que o jornalista abraça de vez a carreira de músico como segunda profissão e apresenta este “Lado B” com mais ênfase.

“Foi tudo meio obra do acaso, como as coisas aconteceram”, conta Celso. “Um monte de gente respaldou o primeiro CD, com ele apareceu uma sequência de shows para fazer, e foi inevitável lançar um segundo álbum, que é bem mais maduro que o primeiro. Em cerca de dois anos eu fui de um cara que fazia aulas de canto a ter uma banda.”

Essa maturidade do grupo vem acompanhada de mais composições de Celso e também em uma mensagem mais pessoal, mesmo que para um lado engraçado. É o caso de “Cala a Boca Maradona”, que acaba se relacionando com seu trabalho principal, na TV.

Certa vez, Celso foi chamado de argentino na TV, pelo parceiro de canal Osmar Garrafa. E o apelido pegou. “Tem gente que acha que sou argentino até hoje. Lembro que fui comprar ingresso para um show do U2, e, na fila, ouvi um cara dizendo: ‘argentino de mierda’. Em 2010, quando a Argentina foi eliminada, um cara no banco começou a falar e eu vi que era para mim: ‘adoro quanto a Argentina perde, adoro ver argentino chorando’”, conta Celso, rindo ao relembrar os casos.

O apelido surgiu porque Celso elogiou a torcida dos argentinos, apaixonada e fiel. “Eu sou um admirador do futebol. Uma vez no programa falei que se o brasileiro tivesse a garra e a disciplina do argentino, seria imbatível. E me falaram: ‘você só pode ser argentino’”.

“Até por isso eu gravei ‘Cala a Boca Maradona’. É um grito de independência”, explica Celso. “Gravei por duas razões: por ter o mote do futebol, misturar o que faço no dia a dia, e para parar com essa história de que sou argentino. Não tenho problema com isso, mas não sou! (risos).”

ASS GAZETA ESPORTIVA

A canção foi composta por Mário Fabre, baterista do Titãs. Nela, o vocalista cita nomes de craques brasileiros dos gramados do presente e do passado, como Neymar, São Marcos, Nilton Santos e outros, e, numa crescente, chega ao ápice no refrão que clama o nome da música.

O lado vocalista de Celso também o forçou a encontrar uma nova faceta de sua personalidade. “Quando comecei a cantar, estava difícil de tirar o ‘jornalista’ de mim. Demorou para eu me soltar mesmo. Depois, quando saiu o primeiro álbum, eu assumi a música e deixou de ser um hobby. Quando você entra no palco e ganha para fazer, é outra função. Então, me restava assumir: brincar ou fazer… Mergulhei. No palco a postura é totalmente diferente. No ar mais serena, e no palco É rock n’ roll.”

Da música ao jornalismo e de volta à música

Filho de um pai que tocava sax e uma mãe que praticava piano, Celso era apenas um “rato de show”, perseguindo ídolos em concertos. Em sua casa, ele começou ouvindo Beatles, Peter Frampton e Rolling Stones. Os Scorpions abriram seus olhos ao hard rock, e até a um show do mais pesado Metallica o garoto foi.

celso_single_maradonaMas Celso nunca se dedicou à música. Hoje, imagina como seria se tivesse estudado, ao mesmo tempo que se vê em uma banda de rock, cantando e fazendo shows com mais de 40 anos, algo inimaginável há pouco tempo.

Ainda na adolescência, Celso trocou os planos de fazer engenharia pelo jornalismo, por perceber que tinha um talento meio que para “orador”. E, a partir do caminho da comunicação, rapidamente começou a trabalhar na área. Antes de se formar ele já era locutor de rádio e também passou a trabalhar na TV sem sequer ter o diploma. A parceria com a Gazeta começou em 1987, no rádio, e já são 23 anos na emissora de televisão.

Se depender de Celso, só uma oferta muito generosa o faria deixar seu “lar” como jornalista. “Eu tenho meu espaço, estou na mesma bancada, no mesmo programa, há 16 anos. Faço também o Jornal da Gazeta há 12. É muito tempo no ar, em um espaço que dificilmente eu teria em outra emissora. Existe uma identificação, uma história. E no ar eu posso ser quem sou, sem interferência”, explica ele.

Sobre suas principais experiências, Celso destaca as narrações e comentários em jogos das Ligas dos Campeões. A Gazeta teve uma parceria com o Esporte Interativo em 2010, e possibilitou momentos únicos para ele. “Lembro que, quando passava a Liga, era muito marcante. Quando eu via a bola no centro de campo, eu sentia uma ansiedade e imaginava como era para o jogador. Foi mais marcante para mim do que viver as Copas.”

Há, também, as gafes. Mas a que mais chamou atenção foi a reação a uma brincadeira de um colega. Osmar Garrafa, certa vez, fez piada com o nome da goleira Xana, da seleção brasileira de handebol. “Imagina como fica o marido dela, sem a Xana por dois meses para jogar o Mundial”. As risadas foram gerais… “eu só ria, ria, ria… mas tem que seguir o jogo!”.

(Fonte: UOL Esporte vê TV; Maurício Dehò, do UOL, em São Paulo)

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